APROVEITE A CHANCE PARA RECOMEÇAR - Artigo

APROVEITE A CHANCE PARA RECOMEÇAR


Sempre haverá situações adversas que contribuirão para ensinar lições de reconstrução de valores.

Vale lembrar Bob Marley, aos 36 anos de idade, não parecia determinado a desistir de seus ideais, ele disse: “Difícil não é lutar por aquilo que se quer, e sim desistir daquilo que se mais ama. Eu desisti. Mas não pense que foi por não ter coragem de lutar, e sim por não ter mais condições de sofrer.” O câncer interrompeu sua luta.

Cazuza, por sua vez, preferiu colocar desta forma: “Não desisti, só não insisto mais”.  Aos 32 anos de idade, teve sua carreira interrompida por um choque séptico causado pela AIDS.

É possível que tanto Bob Marley quanto Cazuza tivessem aprendido lições espirituais importantes, entretanto não tiveram a chance de recomeçar. Lição... Fez-me lembrar a frase de Beto Guedes na música sol de primavera: ... “Abre as janelas do meu peito... A lição sabemos de cor, Só nos resta aprender”

Várias são as evidências de que foi com propósito a existência de cada pessoa na terra, todas as coisas estão concorrendo o tempo todo para que cada um aprenda sua própria lição. Tudo cooperando para que aquele que aprender a lição e tiver a chance para recomeçar, entenda o valor da oportunidade.

Conta a história bíblica que Jesus estava reunido com publicanos, pecadores e comia com eles, mas os mestres da lei criticaram sua postura. Para os Fariseus aquele que anunciara o Reino do amor não deveria se reunir com pecadores e imundos. Jesus aproveitou a oportunidade para contar-lhes três parábolas com a finalidade de ensinar-lhes o valor do arrependimento como ponto de entrada para o Reino de seu amor.

Figurou com a parábola da ovelha perdida, com a da moeda perdida e fechou com a parábola do filho pródigo, conhecida de muitos, com objetivo de revelar aos humildes de coração que o amor verdadeiro constrangerá o pecador a uma resposta de arrependimento e fé.

A emocionante parábola posta em Lucas 15.11-3, narra a fascinante história de recomeço do filho pródigo. Inicialmente ressalta aos olhos o vívido orgulho que portava o filho mais moço. O orgulho é um sentimento de prazer, de grande satisfação com o próprio valor, com a própria honra, é muitas vezes eivado de sentimento egoísta, de admiração pelo próprio mérito, excesso de amor-próprio; arrogância e soberba. Desta parábola será possível retirar pelo menos sete lições que mudou a história do filho orgulhoso e poderá mudar a de muitas pessoas também, vejamos:

Afirma-se nos versos 11 a 13 que um homem tinha dois filhos, o mais moço provocou em seu pai a reunião de sua parte da herança e partiu para uma terra distante... Nota-se no texto que ele saiu como uma pessoa orgulhosa, arrogante e autossuficiente. Demonstrou que queria dar lugar aos seus desejos incontrolados que não se sentia à vontade na estrutura consolidada da casa e nem sob a liderança firme de seu pai, mesmo que tinha lá toda a qualidade de vida e privilégios. O filho queria liberdade para viver sua história a sua maneira num lugar onde os olhos de seu pai não o controlasse. Certamente o que ele não tinha em mente era bons intentos por optar em ficar bem longe. Com o passar do tempo ele aprendeu a primeira lição: A liberdade não está em habitar em uma terra distante ou no despojamento de um estilo de vida. Liberdade está na cabeça, recebida na mente através da renovação de valores para discernir o tempo e modo de aplicar as decisões. O filho antecipou a herança com pai vivo para desperdiçar irresponsavelmente. Como diria Dom Quixote: "O desejo exagerado só busca prazeres, não qualidades; as qualidades permanecem enquanto o prazer perece".

O verso 14 nos informa que após o filho ter gasto tudo que tinha, houve uma grande fome em toda aquela região que ele habitava, e ele começou a passar necessidade. Observa-se que aquele jovem não tinha um plano, um ideal ou objetivo de realização própria quando abandonou o lar de seu pai, apenas queria saciar-se nos seus próprios desejos. Um rapaz que sempre viveu como um príncipe agora envolvido em necessidade, fome e sofrimentos. Cada pessoa tem um nível de orgulho. Era tão forte o orgulho do filho que ele foi empregar-se em cuidar de porcos nos campos, ali enchia o estômago com as vagens de alfarrobeira que os porcos comiam, pois ninguém lhe dava nada. Foi ali que aprendeu a segunda lição: Em tempos de crise o miserável se torna refém da necessidade. Os  atos precipitados e acelerados produziram consequências dolorosas. Fez lembrar Cazuza que se deu aos desejos sem medir as consequências. 

Minha filha Giovanna sempre diz o que aprendeu na escola: "Tudo tem regra". O filho pródigo aprendeu as regras que a miséria impõe, ela restringe a possibilidade de escolha. Um rapaz que até então não sabia o que era padecer, lembrava-se da casa do pai onde poderia escolher o que comer na hora que bem entendesse, mas agora estava ali com a única opção que lhe restava: comer vagens com os porcos, fazendo o que qualquer pessoa não faria podendo escolher.

O verso 17 mostra que todas as coisas que o filho experimentou até chegar ao fundo da pocilga contribuíram para que ele aprendesse a terceira e a mais importante lição: O valor do arrependimento. Lá no fundo da miséria ele “caindo em si, disse: Quantos empregados de meu pai têm comida de sobra, e eu aqui, morrendo de fome!” Naquele momento sua mente foi transformada para distinguir valores. Permita-me contar uma fábula:
Havia uma tribo cuja matriarca era a autoridade máxima... Certo dia ela reuniu toda a tribo de manhã e solicitou que eles encontrassem a agulha de costura que ela havia perdido... Ao cair da tarde já cansados, um dos seus resolveu lamentar junto à matriarca dizendo: Mãe, a tribo procura o dia todo, estão todos exaustos, onde foi que a senhora perdeu a agulha? A matriarca por sua vez disse à tribo: Até que enfim um de vocês perguntou! Eu não perdi a agulha aí fora onde vocês passaram o dia procurando, eu a perdi aqui dentro da barraca.
Autor desconhecido

Quantas vezes agimos assim? Procuramos alegria onde não a perdemos. A decepção é um dos elementos que contribuem para o arrependimento. Toda dádiva boa vem do Pai das luzes, somente um coração arrependido, decepcionados com os valores terrenos se abrirá para a busca dos valores espirituais que foram perdidos em Deus.

O verso 18 apresenta uma pessoa renovada, disposta a expressar seu arrependimento por ter sido tão orgulhosa e egoísta. Arrependimento gera reconhecimento de erro, condições de chamar pelos nomes os próprios pecados, gera mudança de vida, os planos são mudados, gera fé verdadeira para recomeçar. O filho disse a si mesmo: “Eu me porei a caminho e voltarei para meu pai e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e contra ti. Não sou mais digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus empregados”. O arrependimento coloca o homem na fronteira do ele era com a que ele realmente nasceu para ser, promove o sublime estágio de se permitir ser ajudados, é o vale do: “On co tô? On co vô”? 

A terra está cheia de pessoas que fazem o tipo de humilde, mas que por dentro estão se achando. Os fariseus eram assim: Faziam suas orações três vezes ao dia nas praças, jejuavam, observavam a lei mosaica, mas não experimentaram do que de fato era o gosto do arrependimento autêntico, recriminavam Jesus por se reunir com pecadores e pobres como se fossem imundos. O filho aprendeu como quarta lição que o arrependimento produz fé para mudar  personalidade e planos. O filho pródigo determinou em sua mente: “voltarei para meu pai”, foi preciso vencer o orgulho para recomeçar. Aquele que dá lugar ao novo homem conhece o verdadeiro lado do amor, mortificar o orgulho é um sacrífico pelo qual vale a pena viver e sofrer.

Através dos versos 19 e 20 é possível entender que logo após o genuíno arrependimento subiu uma força propulsora de dentro pra fora no rapaz, tomado por fé levantou-se e foi para seu pai. A quinta lição está em perceber que o arrependimento genuíno gera fé que se expressa em atitudes ousadas, atitudes que transforma não só a própria história, mas que vai além, transformando a história de todos os envolvidos. Certamente o coração do pai estava apertado de tristeza com a decisão precipitada que o filho havia tomado. Sofria calado imaginando que poderia nunca mais vê-lo, quem sabe até vê-lo, mas doente, ou com necessidades especiais entre outras possibilidades de desgraças. Um pessoa quando insiste em fazer suas próprias trilhas com o facão do orgulho e e bainha do egoísmo sempre deixarão um rastro de destruição e dor. Ao contrário disso, uma pessoa que recebe fé divina terá sempre atitudes de paz, retratação, comunhão, humildade e contentamento.
Nos versos 21 a 24 extrai que não havia rancor no coração do pai, pelo contrário, sua alegria era tão intensa que não cabia em si. Assim lemos:
"Estando ainda longe, seu pai o viu e, cheio de compaixão, correu para seu filho, e o abraçou e beijou. O filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e contra ti. Não sou mais digno de ser chamado teu filho. Mas o pai disse aos seus servos: Depressa! Tragam a melhor roupa e vistam nele. Coloquem um anel em seu dedo e calçados em seus pés. Tragam o novilho gordo e matem-no. Vamos fazer uma festa e alegrar-nos. Pois este meu filho estava morto e voltou à vida; estava perdido e foi achado'. E começaram a festejar o seu regresso.”

Retira-se a sexta lição: A Pessoa que ama de fato estará sempre de braços abertos abertos a receber a nova personalidade arrependida para festejar o recomeço. Estará sempre à disposição para apoiar e incentivar a mudança de atitude. O caminho para recomeçar compreende aprendizado, arrependimento, confissão, reconciliação, prosperidade e alegria de viver.

Não pense que será tão fácil recomeçar. Os versos de 25 a 31 apresentam a oposição do insatisfeito. O filho mais velho ao tomar conhecimento do motivo da festa, irou-se e não quis entrar para participar. Então seu pai saiu e insistiu com ele, mas ele respondeu ao seu pai: “Olha! Durante muitos anos tenho trabalhado como um escravo ao teu serviço e nunca desobedeci às tuas ordens. Mas tu nunca me deste nem um cabrito para eu festejar com os meus amigos.” O filho mais moço aprendeu a sétima lição: Aquele que está determinado a recomeçar precisa se preparar para lidar com oposições. Muitos, se achando, deixarão evidente a revolta contra ao recomeço de outro pecador como ele. São os mornos dos últimos dias, não entram em nem deixam outros entrarem, não desfrutam e persegue quem quer desfrutar. O pai respondeu ao filho mais velho: “Meu filho, você está sempre comigo, e tudo o que tenho é seu. Mas nós tínhamos que celebrar a volta deste seu irmão e alegrar-nos, porque ele estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi achado". Os dois irmãos eram miseráveis, cegos e nus, apenas estavam em buracos diferentes.

Concluo me dirigindo a você, se porventura esteja orgulhoso, arrogante, ou quem sabe magoado, decepcionado, amargurado, submetido a uma situação de miséria e opressão ou é daqueles que se adaptou a uma boa vida monótona de qualidade vazia, na qual vive pulando de galho em galho em busca de novas energias, achando-se o maioral e quando está só de frente ao espelho reconhece que não passa de uma pessoa hipócrita, é daqueles que chegou ao limite da sua insatisfação? Renda-se ao amor de divino, Ele transformará sua capacidade de reconhecer valores especiais e te habilitará para recomeçar numa nova história de vida em que tudo se completará em Deus.

Produzido por Wilson Nobreza

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